175 ANOS DA PARÓQUIA DE SANT’ANA – RETALHOS DA HISTÓRIA

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Prof. Luiz MASCARENHAS*

Este ano comemoramos a efeméride dos 175 anos de criação da Paróquia de Sant’ana de Itaúna. Foram os pioneiros da nossa povoação que iniciaram, no ano de 1739, no alto da colina, a construção de um Oratório, erigido de taipa de pilão, próximo a um cruzeiro existente, onde nele entronizaram a imagem de SANT’ANA – que aqui chegara em 1735- vinda de Setúbal –Portugal.

Os anos se seguiram e dado o progresso do arraial, o então Curato foi elevado à Paróquia. Criava-se assim, pela Resolução Estadual nº 209, assinada pelo Presidente da Província (cargo hoje de Governador) Marechal Sebastião Barreto Pinto, a Paróquia de Sant’ana ( com um território que abrangia toda a cidade de Itaúna, bem como Carmo do Cajuru, Serra Azul e Itatiaiuçu). Itaúna, como município surgiria apenas 60 anos depois.

Uma vez criada a Paróquia de Sant’ana, a antiga Capela de 1765 passou a funcionar como sua Igreja Matriz. Lá está a sua pia batismal a nos testificar isto ( só as Matrizes possuíam uma...). E assim permaneceu até o ano de 1853, quando ocorreu a já conhecida troca de capelas- Rosário dos Negros subiu para o monte e a Matriz de Sant’ana foi para o meio do arraial.

Seguiu -se a sucessão de seus Párocos; desde o revmo. Pe. Antônio Domingues Maia ( de 1841 a 1849) até o nosso atual Pároco, Pe. Francisco Cota de Oliveira, sendo este o 16º pároco.

O 2º Pároco- Pe. João da Cruz Nogueira Penido ( 1849- 1852) - pairam dúvidas se recebeu mesmo a provisão para este importante cargo eclesiástico em nossa região. Deixando a Paróquia de Sant’ana foi eleito Deputado Provincial.

As tramitações para ser o Pároco não eram como nos dias de hoje. O Governo abria uma espécie de edital público para os sacerdotes candidatos e que após as provas de Títulos e outras, tomavam posse da Paróquia como vigários colados, isto é, gozavam de irredutibilidade de vencimentos (as cônguras-pagas pelo Governo) e eram irremovíveis. Eram tidos como funcionários públicos e como não havia os cartórios-todos os registros eram feitos pelo Pároco, na Casa Paroquial: Atestado de Batismo (hoje a certidão de nascimento), do matrimônio, de óbito e os registros de terras.

O 3º Pároco- Pe. João Batista de Miranda ( 1852-1863) - fez a legalização de muitas terras do arraial de Sant’ana, num total de 150 declarações de propriedade (escrituras), pois antes dele, muitas propriedades eram conseguidas por posse e sem documentação, sendo ignoradas pelo Governo da Província.

Pe. Antônio Maximiniano de Campos (1863-1902)- 4º Pároco- foi uma espécie de “prefeito interino”, pois foi ele quem organizou a primeira Câmara Municipal (o Pároco escolhia os “homens bons” do lugar para integrarem as primeiras Câmaras e as reuniões aconteciam na igreja) e deu andamento a todo o processo de sua instalação, no dia 1º de janeiro de 1902. Ser vereador era uma honra para o cidadão e portanto não havia nenhum tipo de salário para esta função.

O Dr Augusto Gonçalves de Souza Moreira foi “eleito” para ser o primeiro Presidente da Câmara e Agente do Executivo Municipal ( hoje cargo de Prefeito) e o Pe. Antônio Maximiniano de Campos foi nosso primeiro Vice-prefeito.

O Pe. Antônio terminou as obras de ampliação da antiga Matriz de Sant’ana (na praça atual; demolida em 1934) e foi também o presidente do “Clube Literário e Progressista” de 1884 a 1885 e foi ele quem abençoou as instalações da Companhia de Tecidos Santanense no dia 07 de setembro de 1895. Encontra-se sepultado no interior da Igreja Matriz de Sant’ana, debaixo da escala que dá acesso ao côro.

O 5º Pároco- Pe. João Ferreira Álvares da Silva ( 1902-1924), fez uma grande reforma na Matriz velha da praça em 1916. Em 14 de novembro de 1919, participou da benção do prédio (hoje em ruínas) da Casa de Caridade “Manoel Gonçalves de Souza Moreira” junto com o Arcebispo de Mariana, Dom Silvério Gomes Pimenta. Pe. João que fez a inauguração da capela do Hospital velho em 1922. Com seu jeitão esparramado e alegre, frequentava as festas e gostava de cantar. Fumava cigarro de palha e meio asmático, tossia muito...Esfregava sua barba por fazer nas moças e sempre dizia: “eita Itaúna que deu moças bonitas esse ano...” Todavia, era muito respeitado e presente na vida dos itaunenses. Hoje seu nome é homenageado no antigo Largo dos Passos ( dizia-se “praça da Delegacia” no bairro da Piedade/centro, aonde existiu a Capela dos Passos entre 1894 até 1948). Está sepultado na Matriz de Sant’ana.

Pe. Cornélio Pinto da Fonseca ( 1924-1928) foi o 6º Pároco. Fez uma grande revolução espiritual em Itaúna. Conduziu reformas na velha Matriz da praça em 1926 e em 1927 benzeu a pedra de fundação da Capela Imaculada Conceição.

Foi o Pe. José Joaquim Batista de Queiróz- 7º Pároco – 1928-1931- quem inaugurou a Capela Imaculada Conceição em 1930. Demoliu um muro de pedras que cercava a Igreja do Rosário e lhe fez a primeira grande reforma – que infelizmente a descaracterizou por completo em 1929- pois esta ameaçava desabar. Também fundou uma excelente biblioteca paroquial, que lamentavelmente desapareceu nos anos após sua saída da paróquia.

O 8º Pároco- Pe. Inácio Fidélis Campos- 1931-1934- era enérgico e trabalhador. Fundou um jornal paroquial em 1932, chamava-se “O Semeador”. Fundou um ginásio que funcionou na rua Direita (hoje Getúlio Vargas). Em 17 de abril de 1932 inaugurou a Capela do Sagrado Coração de Jesus em Santanense (que foi demolida para dar lugar a nova matriz) e iniciou a construção da nova Igreja Matriz de Sant’ana no local do velho cemitério (hoje EE “José Gonçalves de Mello), obra que nunca saiu dos alicerces...

O 9º Pároco – Pe. José Augusto Ribeiro Bastos-1934-1938- era tido na época como “o padre chique”. Usava uma longa capa por cima de sua batina negra de tecido brilhante e sempre com um barrete ajustado à cabeça. Diziam que tinha panca e pose de cardeal. Foi o construtor da atual Igreja Matriz de Sant’ana.

Do 10º Pároco, muitos ainda guardam saudosas lembranças...Foi o nosso querido Pe. Waldemar Antônio de Pádua Teixeira – 1938-1943. Foi o P.e Waldemar quem terminou a construção da nova Igreja Matriz de Sant’ana na praça “Dr. Augusto Gonçalves”. Promoveu a benção solene da nova Matriz e a sagração do altar –mor (doação do Cel. João de Cerqueira Lima) em 26 de janeiro de 1941.

O 11º Pároco, Cônego José Ferreira Netto – 1943-1985- de saudosa e feliz memória- construiu o côro e os altares laterais da Igreja Matriz de Sant’ana. Construiu também as capelas das Graças, de Nossa Senhora Aparecida e de São José em Garcias. Foi um dos fundadores do Colégio Sant’ana e idealizador da Granja escola São José. Temos ainda dentre suas obras, o antigo lactário, a Pastoral Carcerária que desaguou na APAC atual; foi Diretor da Escola Estadual de Itaúna, entre 1966 e 1970 e ainda construiu e reformou muitas capelas rurais como do Córrego do Soldado, Cachoeirinha, Vista Alegre, Paulas e Santo Antônio da Barragem. Construiu ainda a nova Casa Paroquial, hoje o Centro Pastoral “Cônego José Ferreira Netto”.

O Pe. Luiz Carlos Amorim- 12º Pároco- 1985- 1991- promoveu uma grande reorganização da Paróquia , implantando inúmeras pastorais e alavancando com grande dinamismo a vida pastoral de Sant’ana; bem como promovendo a formação de lideranças leigas.

O Pe. Amarildo José de Mello- 13º Pároco- 1991- 2002- deu continuidade ao processo de modernização da Paróquia e a tornou novamente, muito presente na vida civil da cidade; além de humanizar as relações entre a Igreja e os fiéis, tendo aqui deixado grandes amigos e admiradores. Construiu a nova Casa Paroquial e ampliou os serviços sociais em tempos de grande crise econômica, amenizando as penosas consequência para dezenas de famílias.

Rápida foi a passagem do então Pe. José Carlos de Souza Campos , nosso atual Bispo Diocesano, tendo sido o 14º Pároco- 2003 – 2004 e propiciando uma efetiva organização dos serviços paroquiais.

Pe. Edilson Antônio Manoel foi o 15º Pároco – 2005-2010- incentivou com grande ardor a Pastoral da Família e a devoção mariana na Paróquia.

Desde o ano de 2011 responde pela Paróquia de Sant’ana o revmo. Pe. Francisco Cotta de Oliveira. Pe. Francisco a tem conduzido com especial zêlo pastoral e uma ação de resgate da Tradição e da Cultura, devolvendo à Paróquia de Sant’ana sua habitual, histórica e marcante presença no seio da Comunidade Itaunense. Muito assinalada também é sua dinâmica ação pastoral para com o social da Paróquia; tendo fundado a obra de assistência aos irmãos de rua e às crianças do alto do Rosário (Projeto “Aquarela”).

Será de bom alvitre, se recordar também os milhares e milhares de fiéis leigos que nestes 175 anos também colaboraram na construção desta bonita história de Fé, de Esperança e de Amor ao próximo! Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

*Bacharel em Direito / Licenciado em História pela UNIVERSIDADE DE ITAÚNA
Historiador/ Escritor/ 1º Secretário da Academia Itaunense de Letras/
Autor de “Crônicas Barranqueiras” e coautor de “Essências” e “Olhares Múltiplos”/
Diretor da E.E. Prof. Gilka Drumond de Faria/Paroquiano de Sant’ana


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