A Catequese em Tempos de Exceção

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Pois se eu anuncio o evangelho, isso não é para mim título de glória. É antes uma necessidade que me é imposta. Ai de mim, se eu não anuncio o evangelho!” (1Cor9,16).

 

O atual momento em que vivemos, marcado pela pandemia ocasionada pelo novo corona vírus ou COVID 19, fez com que fossemos obrigados a repensar várias práticas cotidianas, modificando algumas atividades, restringindo e interrompendo outras. Naturalmente, nós, enquanto Igreja, também fomos impactados com esta nova realidade: suspensão de atividades pastorais, missas sem a presença de assembleia e, posteriormente, com presença limitada etc. Todas as vicissitudes, fruto desta nova realidade sanitária, não nos impediram, enquanto Igreja, a continuar anunciando e testemunhando a presença benévola do Senhor em nosso meio. Todavia, nosso discipulado precisou ser repensado conforme as possibilidades que nos são postas. Impossibilitados de nos encontrar presencialmente, vimo-nos impelidos a adentrar, profundamente, nas mídias sociais, como locus de testemunho e evangelização. Esta é a nova realidade, vivida hoje, por nossos movimentos e pastorais, entre elas, a pastoral catequética.

 

Com grande bravura vimos nossos catequistas se desdobrarem para manter o vínculo de comunhão com nossos catequizandos. Inúmeras foram as iniciativas, utilizando-se de materiais impressos e audiovisuais, entre outros. É digno de reconhecimento o labor de nossos irmãos e irmãs catequistas, que não mediram esforços para manter o vínculo com nossos catequizando e suas famílias. Todavia, é preciso reconhecer que a catequese virtual, com todo valor inerente a ela, não substitui a catequese presencial. Neste ponto de nossa reflexão, poder-se-ia questionar-nos: se catequese é encontro, com Deus e com nossos irmãos e irmãs e a catequese virtual pode propiciar encontros, mesmo que mediatizados, por que ela, nestes tempos de exceção, não pode ser um “substitutivo” para os encontros presenciais?

 

Encontro virtual também é encontro, mas não substitui o encontro presencial. Mesmo com as relações mediadas pelos instrumentos de comunicação social é inegável a constatação do quanto nos faz falta os encontros físicos-presencias, com abraços, beijos, apertos de mão. Talvez, uma das grandes mazelas do nosso tempo seja a substituição do presencial pelo virtual. Quantas famílias, estando os membros uns a metros de distância dos outros, dentro da mesma casa, se comunicam apenas por meio das mídias sociais? E quanto estrago isto faz? Reitero: a catequese virtual tem seu valor. Por meio dela mantemos elo com nossos catequizandos. Todavia, ela não substitui a catequese presencial. Hoje, ela é para nós o possível, mas não o ideal.

 

“Mas que absurdo é este? Nossas crianças, adolescentes, jovens e adultos fazendo o “catecismo” a distância, por meio das mídias sociais e agora não sabem quando será marcada a celebração para receberem os sacramentos?”; poder-se-ia questionar-nos. A este responderíamos: A catequese não é apenas para a recepção dos sacramentos: a catequese é para o amadurecimento na fé. Por isso, percorre toda a vida. Como perceber, neste processo de amadurecimento, o crescimento do espírito de comunhão, de unidade, de pertença, de comunidade, por meio, somente, das mídias sociais (sem o presencial), se uma das características das comunidades virtuais é a volatilidade (me desagradou, deleta, exclui, bloqueia)?

 

“Mas a escola substituiu o presencial pelo virtual. Fazem até avaliações e recebem nota. Por que a catequese não pode fazer o mesmo?”. É preciso lembrar que catequese não é escola. São duas realidades singulares e dispares. Nos processos educacionais, a utilização das mídias sociais não é uma realidade nova, visto os cursos EAD (Ensino a Distância). O que as escolas da educação infantil, fundamental e do ensino médio fizeram foi lançar mão desta realidade, devido a necessidade. Todavia, mesmo no ambiente escolar, esta não é a realidade ideal, mas a possível. O déficit que isso causará, na qualidade do ensino, será sentido a longo prazo. Mas não estamos aqui para avaliar a escola virtual e sim para falar de catequese. Por isso, respondemos a este questionamento, sinteticamente, da seguinte forma: a) catequese não é escola. Catequese é encontro, com Deus e com os irmãos e irmãs. É partilha, fraternidade, comunhão, espírito de comunidade; b) Catequese não é curso para a recepção de algum sacramento. Se assim fosse, bastaria passarmos um conteúdo de preparação para cada sacramento (tipo "curso de batismo", "curso para a primeira comunhão eucarística", "curso para a crisma", "curso para o sacramento do matrimônio") e ao final de cada "curso" a celebração do sacramento e "acabou catequese". Voltaríamos apenas quando fosse necessário fazer um novo "curso" para a recepção de um outro sacramento.

 

“Mas quando voltaremos com a catequese presencial?”. Ainda não sabemos quando teremos condições para retornar com nossa catequese presencial. O que é certo é que, por hora, na Igreja particular de Divinópolis, não está autorizada nenhuma reunião, encontro ou evento presencial das pastorais e movimentos. Portanto, ainda não é possível falarmos em encontros presenciais de catequese. É preciso esperar que as reuniões, encontros e eventos das pastorais e movimentos sejam liberados, em nossa Igreja particular, para podermos pensar como retornaremos com as nossas atividades catequéticas presenciais.

 

“Então seria melhor pararmos com os encontros virtuais de catequese, liberando, até que se volte a catequese presencial e as celebrações dos sacramentos, nossos catequistas e catequizandos desta árdua tarefa”. Ser catequista não é ser "tarefeiro". É reconhecer um chamado e assumir uma missão: levar a boa nova a todos. Não se trata de apenas "formar" para a recepção de algum sacramento, mas de criar um ambiente propício para o amadurecimento na fé. A recepção dos sacramentos é uma consequência deste processo. A catequese virtual é, atualmente, o meio possível para que o catequista continue anunciando a boa nova do Reino. Não é o ideal. Por isso, não substitui a catequese presencial. Ser catequizando não é assumir a responsabilidade de fazer "um curso" para a recepção dos sacramentos. É reconhecer que se faz necessário, no itinerário de maturação na fé, o encontro pessoal com Deus e fraterno com nossos irmãos e irmãs, cultivando-se espírito de comunhão, de fraternidade, de unidade, de comunidade. Trata-se de um processo que durará toda a nossa existência: todos nós somos eternos catequizandos. Os sacramentos são consequência desta caminhada. Com certeza, virão no tempo oportuno.

 

 

Padre Alex Cristiano dos Santos

Coordenador da Comissão Bíblico-catequética

Diocese de Divinópolis

 


[1] Compreendemos com “tempo de exceção” esta nova realidade, por nós vivenciada, marcada pela pandemia ocasionada pelo novo Corona Vírus ou COVID 19 e suas consequências.

Fonte: https://diocesedivinopolis.org.br/c/noticias/a-catequese-em-tempos-de-excecao (15/04/2021, 08:59 hrs)

 


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